Mães que pegam a estrada

Hoje, domingo das mães um filho acordou a sua e toda a vizinhança com a música cantada por Roberto Carlos, “Como é grande o meu amor por você”. Depois que fui despertada fiquei analisando a cara da mãe com essa homenagem, como se comportaria aquela criatura durante os três minutos da música? Será que aquele filho é legal, presente ou tudo aquilo era uma palhaçada sem fim para chamar atenção?

Mais tarde, enquanto caminhava para a casa da minha mãe vi um policial, meio envergonhado, com um arranjo de flores nas mãos. Até achei bonitinha a cena. Vi também, pessoas brigando com outras pelo celular, sobre quanto deveria ser pago pelo almoço do dia das mães.

Faço questão de estar sempre com minha mãe. Não há um só dia que eu não telefone para ela, não mande uma mensagem, não apareça de repente durante a semana para saber se está tudo bem e aos domingos é certa minha presença.

Quando me mudei, minha mãe não acreditou. Soube por minha irmã que muitas lágrimas rolaram naquela sexta-feira que eu não voltei para casa depois do trabalho. Minha mãe sabia desde sempre a data que eu me mudaria, mas não deixou a ficha cair. “Ela já foi?”, perguntou e desmoronou em seguida.

Li agora esse texto do Xico Sá, sobre os filhos saíram da barra da saia da mãe e caíram na estrada. Sempre acreditei que seria assim comigo um dia. Visualizava a cena romântica da despedida na rodoviária, o sacudir das mãos e o choro. Não fui muito longe.

Só que as coisas se inverteram e quem vai é ela. Dessa vez nem consigo imaginar como será a despedida, apenas sinto o coração bem apertado.